Grupos Temáticos
Data e Horário das apresentações
Grupo Temático 01 |
Expertise, deliberação de empreendimentos sociotécnicos e culturas de investigação científica e tecnológica |
Coordenadores(as) | Adriano Premebida (UFRGS), Paulo Fonseca (UFRB), Felipe Vargas (UFRGS) |
Resumo da Proposta | |
Debatedor: Léo Peixoto – UFPel O objetivo deste grupo temático é fomentar discussões e arregimentar trabalhos, teóricos e/ou empíricos, que versem sobre as relações entre o teórico, o técnico e o social na construção e difusão de artefatos e conhecimentos baseados em ciência e tecnologia. A convergência tecnológica, a integração de grandes programas de pesquisa e políticas institucionais – voltadas ao fomento de dinâmicas de culturas de inovação – produzem mudanças em ambientes de produção tecnológica e científica e relevantes efeitos de difusão dos conhecimentos e produtos na vida contemporânea. A densidade tecnológica na cultura material contemporânea estimula uma série de controvérsias – sejam elas epistemológicas, de natureza teórica, metodológica ou de aplicabilidade de técnicas – que envolvem cientistas, engenheiros, políticos, gestores e cidadãos, principalmente com relação às bases de credibilidade e autoridade da expertise frente a decisões em um ambiente público e democrático. Os estudos sociais das ciências e das tecnologias têm estruturado novas abordagens teóricas sobre a construção da expertise técnica e científica, com especial atenção às formas de incorporação de conhecimento tácito e abordagens formais e informais de tomada de decisão em projetos complexos. Com este grupo pretendemos examinar cinco grandes linhas temáticas: a) reflexões teóricas que visem ao efetivo redesenho de modelos práticos/empíricos do fazer científico; b) condicionamento tecnológico na geração do dado científico; c) a construção contemporânea da expertise e da prática científica; d) as controvérsias e deliberações sobre empreendimentos tecnocientíficos; e, e) os riscos das novas tecnologias e suas implicações na economia, na cultura e no ambiente sociopolítico A delimitação temática orbitará os seguintes eixos: Culturas de pesquisa em ciência; Relações entre ciência, tecnologia e políticas: coprodução da tecnociência e práticas de governança; Deliberação democrática e modelos de decisão em empreendimentos sociotécnicos; Modelos e resultados de financiamento em áreas estratégicas de conhecimento; O discurso do risco, governo da incerteza e os grandes empreendimentos tecnológicos; O problema da divisão ontológica natureza/cultura frente às tecnologias convergentes; Percepção e representação das tecnologias convergentes: narrativas, expectativas e imaginários. |
Grupo Temático 02 | Estudos sociais sobre a teoria da evolução (CANCELADO) |
Coordenadores(as) | Alisson Magalhães Soares (UFV), Bruna Schall (UFMG) |
Resumo da Proposta | |
O objetivo do grupo de trabalho é agregar discussões nas áreas de história, filosofia, educação e sociologia da ciência a respeito da teoria da evolução. O modelo evolutivo da biologia – seja darwinista ou não – teve impacto moderado nas ciências sociais, apesar de constante. Desde o chamado darwinismo social, a teoria passou por diversas reformulações e em diversos campos da filosofia e ciências humanas, como por exemplo: no pragmatismo, na epistemologia evolutiva, na teoria da ecologia humana da Escola de Chicago da sociologia, na teoria da diminuição do conflito via divisão do trabalho de Durkheim, na economia evolutiva de inspiração schumpeteriana, na teoria dos sistemas em suas diferentes variantes (Parsons/Luhmann e de modelagem computacional de processos sociais), em modelos gerais de cognição (Donald Campbell e em certos modelos de inteligência artificial), na Antropologia (Leslie White, Marshall Sahlins, Margaret Mead, Tim Ingold, etc.), na releitura da tese da ética protestante de Max Weber feita por Walter Runciman, na tentativa de fundamentação biológica e explicação via instintos moldados pelas seleções natural e sexual feitas pela sociobiologia e psicologia evolucionista, na memética como explicação da difusão cultural, além de discussões a respeito das limitações do mecanismo da seleção natural, como a feita por Jon Elster, em sua aplicação na explicação da evolução social. Para além do impacto acadêmico, perspectivas de estudo sobre o ser humano e a natureza por meio do modelo evolutivo geraram controvérsias envolvendo diferentes visões de mundo, como vários tipos de criacionismo e o design inteligente. Os limites do conhecimento cientifico e as fronteiras com outras formas de conhecimento são alvo de disputas no espaço público entre políticos, educadores, cientistas e religiosos, com diferentes estratégias de crítica e defesa da teoria com base em uma combinação de argumentos de cunho moral, filosófico, religioso e científico. Serão aceitos trabalhos que explorem uma dessas linhas – disputas acadêmicas sobre a teoria da evolução dentro das ciências humanas e disputas no espaço público envolvendo a teoria e diferentes formas de conhecimento e visões de mundo. |
Grupo Temático 03 | CTS, teoria & práxis e ação política |
Coordenadores(as) | Bruna Mendes de Vasconcellos (UFABC), Cristiano Cordeiro Cruz (USP), Lais Silveira Fraga (UNICAMP), Leonardo Ribeiro da Cruz (UFPA), Nilda Nazaré Pereira Oliveira (ITA) |
Resumo da Proposta | |
O movimento Ciência, Tecnologia e Sociedade compõe um amplo campo epistemológico, pedagógico e político que visa confrontar os conhecimentos científicos e tecnológicos com suas realidades sociais, históricas, culturais e políticas. Mais do que um movimento de ideias, os Estudos CTS pressupõem a mediação teoria & práxis como forma de defender os benefícios sociais proporcionados pela ciência e tecnologia quando produzidas e direcionadas para fins coletivos e humanitários. Assim, o poder que elas emanam necessita ser democratizado com a finalidade de promover o desenvolvimento amplo da sociedade. Mas para atingir esse objetivo deve estar compromissado com os interesses públicos, deve ser acessível a todos e ser desenvolvido em conjunto com os interessados (co-criação), num processo de elaboração de baixo para cima (bottom up) e, consequentemente, proporcionar conhecimento e empoderamento. Neste sentido, a proposição do Grupo de Trabalho “CTS, teoria & práxis e ação política” visa debater experiências que articulam o pensar e o agir para a compreensão e a solução de problemas reais complexos. Aliada aos fundamentos da Tecnologia Social e da Engenharia Engajada, esta proposta preocupa-se com o papel social da tecnologia na promoção de mudanças sociais e na disseminação de boas práticas tecnosociais, capazes de beneficiar pessoas, comunidades e organizações da sociedade civil. Assim, o GT procura debater experiências sustentadas na teoria & práxis com a finalidade de enfrentar problemas estruturais da sociedade brasileira (pobreza, opressão, exclusão e falta de oportunidades), com a finalidade de pensar e agir na construção de alternativas de desenvolvimento capazes de proporcionar aprendizado, cidadania e melhorias na vida das pessoas. Objetivos: -Debater experiências pedagógicas que articulem os Estudos CTS com ações práticas; -Discutir a relação entre ensino, pesquisa e extensão nos Estudos CTS; -Refletir sobre a importância do enfrentamento de problemas reais para o estímulo da empatia, da solidariedade e da ação cidadã; -Avaliar experiências em projetos sociotécnicos que envolvam co-criação e construção de baixo para cima (bottom up); -Analisar as dificuldades e os benefícios do contato da universidade com o mundo exterior; |
Grupo Temático 04 | Plataformas online e Algoritmos |
Coordenadores(as) | Carlos d’Andréa (UFMG), Willian Fernandes Araujo (UNISC), Amanda Chevtchouk Jurno (UFMG) |
Resumo da Proposta | |
Este Grupo Temático visa reunir pesquisadora(e)s interessada(o)s nas crescentes implicações das plataformas online e/ou suas mediações algorítmicas especialmente no que concerne às suas especificidades no Brasil e na América Latina. A crescente dimensão tecnopolítica (DIJCK; POELL; WAAL, 2018) de um conjunto heterogêneo de plataformas – como a Uber, o WhatsApp, o Facebook e a Google – evidencia questões ligadas aos usos, à governança, à infra-estrutura, etc. desses serviços transnacionais em diferentes contextos locais, regionais e nacionais. Ainda, o GT espera acolher trabalhos que investiguem as dimensões políticas e sociais dos algoritmos que agem com/nas plataformas. Em diálogo com autores como Gillespie (2018) e Bucher (2018), apontamos que estes construtos sociotécnicos instituem novas lógicas de seleção, hierarquização, recomendação e controle – e, consequentemente, de conhecimento. Nota-se no Brasil e em outros países da América Latina um conjunto ainda incipiente de pesquisas (D’ANDRÉA e ARAÚJO, 2018) que, em diálogo com os estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade, problematizem tanto as singularidades e mutações das plataformas online e suas mediações algorítmicas quanto seus entrelaçamentos com diferentes questões contemporâneas. Neste sentido, entre outros temas, o GT está aberto para a apresentação de trabalhos conceituais ou empíricos sobre: as dimensões políticas, econômicas, éticas etc. das plataformas e algoritmos; suas relações com diferentes temas como privacidade, gênero, eleições, cidades, jornalismo, saúde, educação etc.; apropriações táticas e de resistência das plataformas e algoritmos; desafios conceituais e metodológicos. |
Grupo Temático 05 | O imbricamento da Ciência, Estado e Capital: a mobilização de práticas científicas em empreendimentos privados e públicos |
Coordenadores(as) | Catarina Morawska (UFSCar), Magda dos Santos Ribeiro (UFMG) |
Resumo da Proposta | |
Grandes obras, projetos sanitaristas, missões de paz e outros empreendimentos privados e públicos implicam em processos administrativos frequentemente associados a conhecimentos de experts. Seguir práticas de especialistas e cientistas, assim, leva etnógrafas e etnógrafos não só para dentro de laboratórios e espaços pretensamente controlados, mas também para longe deles, em organizações não-governamentais, agências internacionais, institutos de pesquisa, órgãos públicos e empresas privadas, revelando o imbricamento da Ciência, Estado e Capital. Convidamos trabalhos que procurem descrever tal imbricamento, com particular atenção a como especialistas têm seus saberes engajados, por oposição ou alinhamento, a outras práticas de conhecimento em contextos de ameaças a humanos e não-humanos. Interessa-nos discussões de materiais etnográficos que abordem, por exemplo, práticas laboratoriais, biomédicas, cartográficas na produção de laudos e outros documentos, seja para justificar cálculos financeiros e decisões burocráticas, seja para combatê-los; e o modo como tais práticas engajam-se a conhecimentos tradicionais em processos de demarcação de terra e em conflitos associados a grandes empreendimentos. O objetivo é explorar etnograficamente as tensões e os encontros entre distintas práticas de conhecimento. Assim, privilegiamos abordagens que façam ver alguns dos efeitos dos saberes de especialistas quando mobilizados em relação aos interesses do Capital e do Estado. |
Grupo Temático 06 | Gênero, Ciência e Tecnologia: estratégias, permanências e superações na academia |
Coordenadores(as) | Cíntia de Souza Batista Tortato (IFPR), Nadia Veronique Jourda Kovaleski (UTFPR) |
Resumo da Proposta | |
Os estudos de gênero têm pesquisado, registrado e publicizado sobre a presença/ausência das mulheres nos vários campos da Ciência e da Tecnologia. Nos ambientes acadêmicos, além da formação científica existe (ou deve existir) a preocupação com a construção de um ambiente voltado a um convívio ético, pautado no reconhecimento da diversidade, voltado a desconstrução de comportamentos estereotipados de cunho preconceituoso, hierarquizante e simbolicamente violento. O espaço acadêmico requer esse debate constante tendo em vista seu papel na formação cidadã, ética e humanista de futuros profissionais. Nessa perspectiva, gostaríamos de discutir questões voltadas à: Como são tratadas as questões de sexismo, homofobia, mulheres nos cursos superiores das áreas científicas e tecnológicas? Quais são as estratégias que as Universidades, Faculdades ou outras Instituições de Ensino Superior tem construído para combater as posturas excludentes relacionadas a gênero e suas intersecções? Também nos interessa discutir: a) Gênero na produção, uso e apropriação da C&T; b) Gênero e democratização da C&T; c) Estudos feministas na C&T; d) Gênero e educação científica e tecnológica; e) Divisão sexual do trabalho e carreiras científicas e tecnológicas; f) Participação feminina nas carreiras de C&T; g) Gênero na pesquisas científicas e tecnológicas; h) Representações sociais de C&T e gênero; i) Gênero e apropriação do conhecimento científico e tecnológico; j) Intersecção da categoria gênero com outras categorias de análise como classe, etnia, geração em estudos sobre C&T; k) Políticas públicas para incentivo da participação feminina em C&T; l) Contribuições de estudos e pesquisas nas áreas de Humanidades e de Ciências para ampliar ou restringir a participação feminina em C&T; m) Gênero e mudanças científico-tecnológicas; n) Ingresso de mulheres em profissões de C&T; o) Mudanças nos padrões de gênero ou nos padrões de C&T; p) Análises comparativas (regionais, nacionais e internacionais) sobre participação de homens e mulheres na área de C&T; q) Processos de desigualdade/segregação de gênero na área de C&T; r) Construção social e histórica da C&T e sua articulação com gênero; s) Contribuições femininas para a C&T; t) Pioneiras na C&T; dentre outras questões que envolvem a discussão de ciência, tecnologia e gênero. Gostaríamos de convidar todos/as os/as pesquisadores/as que desenvolvam ações que permitam o envolvimento da comunidade universitária nas reflexões sobre as questões de gênero/diversidade, buscando esclarecer e trazendo uma concepção ética para o desenvolvimento da sociabilidade no meio universitário. |
Grupo Temático 07 | Mudança Tecnológica e Trabalho: primeiras análises sobre a indústria 4.0 no Brasil |
Coordenadores(as) | Claudiana Guedes de Jesus (UFRRJ), Leda Gitahy (UNICAMP) |
Resumo da Proposta | |
O mundo do trabalho passou por grandes transformações como resultado do rápido desenvolvimento tecnológico e mudanças na economia global intermediados pela intensificação do processo internacionalização econômica e engessamento das políticas neoliberais. Muitos dos resultados dos impactos dessas mudanças no mercado de trabalho merecem análise mais aprofundada nos diferentes setores no Brasil e no mundo. Vale destaque no meio produtivo a Indústria 4.0 que é um sistema integrado baseado em modernos sistemas de controle, software embarcado, internet e Sistemas Ciberfísicos. Chamada de indústria 4.0, pelos alemães, ou manufatura avançada, pelos americanos e chineses, está empregando todos esses avanços da tecnologia da informação na criação das chamadas Fábricas Inteligentes, com processos de produção cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis através do uso de: • Sistemas Cyber-Físicos (CPS) (realidade aumentada, tecnologia que une os mundos real e virtual.) •Internet das Coisas (IoT) (objetos conectados à Internet) • Internet dos Serviços (dispositivos inteligentes que continuamente coletam e transmitem dados). Essa quarta revolução industrial que vai muito além da computação e robótica é impulsionada pelo desenvolvimento e aplicação conjunta de áreas como inteligência artificial, nanotecnologia, big data, impressão 3D, biotecnologia e aprendizado de máquinas. A rápida mudança tecnológica desde década 1970, levou ao apogeu e ao declínio de setores sob o impacto de novos produtos e processos ao afetar a natureza do trabalho. Observado na criação e destruição dos postos de trabalho (tornando algumas ocupações obsoletas e criando novas) e exigindo outro tipo de formação e qualificação do trabalhador. Nesse grupo de trabalho os autores são convidados a discussão e análise das mudanças no meio produtivo, a saber moldados na indústria 4.0 e seus impactos no mercado de trabalho, (i) indústria 4.0 e primeiras análises teóricas no Brasil; (ii) indústria 4.0 e impactos no mercado de trabalho; (iii) mudanças tecnológicas e trabalho em indústrias específicas. |
Grupo Temático 08 | Aproximações e interfaces entre cultura, política e tecnologias de informação e comunicação (TIC) |
Coordenadores(as) | Claudio Luis de Camargo Penteado (UFABC), Rosemary Segurado (PUC/SP) |
Resumo da Proposta | |
O grupo de pesquisa tem como objetivo estudar as aproximações e interfaces entre cultura, política e tecnologias de informação e comunicação (TIC). Através dos seguintes eixos temáticos: a) aproximações e interfaces entre cultura, política e TICs; b) artivismo e o uso das TICs; c) analisar a nova configuração das práticas políticas culturais pelo uso das TICs; Justificativa: O grupo de trabalho tem o objetivo de articular pesquisadores em torno das aproximações e interfaces entre a arte, a cultura, a política e as tecnologias de informação e comunicação (TIC). As características sociotécnicas da rede mundial de computadores possibilitaram a produção de práticas colaborativas e interativa nas mais diversas áreas das atividades humanas e formação de redes de indignação e esperança em diversos países do mundo pela mobilização e ativismo nas redes sociais. Contudo, a expansão das tecnologias de informação e comunicação também permitiu o aperfeiçoamento de tecnologias de vigilância e controle, bem como a explosão de conflitos, ampliação do processo de desinformação por meio das TICs, usos de estratégias da psicologia para influência de comportamentos culturais e políticos nas redes. No Brasil o movimento da Cultura Digital conseguiu produzir importantes projetos e transformação no campo das políticas de cultura com a implementação de uma nova concepção interativa e democrática no design de políticas culturais, no desenvolvimento de experiências participativas e colaborativas pelos governos locais, e principalmente na criação do Marco Civil da Internet. É fundamental ampliarmos as possibilidades de reflexão e de criação de práticas artísticas e culturais que se utilizam dos dispositivos tecnológicos em seu processo de criação, representação, expansão e até como um suporte para a ação política, expressas em atividades de ciberativismo, artivismo digital e outras práxis política. A cultura e a arte como potências humanas encontram nas tecnologias digitais uma interface na construção de práticas do comum, assim como mecanismos de modulação algoritma. Essa dinâmica criativa e destruidora produz dispositivos e agenciamentos que recriam a dinâmica social da sociedade contemporânea, onde o virtual e o real fazem parte de uma mesma dimensão no qual são expressas as manifestações culturais e políticas da Sociedade da Informação. |
Grupo Temático 09 | Não-humanos em ação e suas epistemologias |
Coordenadores(as) | Eduardo Nazareth Paiva (HCTE-UFRJ), Isabel Leite Cafezeiro (IC-UFF), Claudia Santos Turco (FIOCRUZ-HCTE-UFRJ) |
Resumo da Proposta | |
A proposta deste Grupo Temático será refletir sobre os não-humanos em nossa sociedade, suas ações e suas epistemologias. Vemos nossas sociedades cada vez mais sendo populadas de não-humanos que convivem com nossos cotidianos. São computadores, Internet, SmartPhones, Câmeras de Vigilância, Assistentes não humanos e Bots de toda ordem, desde aqueles que atuam nos atendimentos dos bancos e lojas que mais investem em novas tecnologias, até aqueles que assistem eletronicamente, por exemplo, a frenagem e a estabilidade de nossos veículos ou mesmo nossos avatares. Os produtos da tecnociência invadem inclusive nossos corpos, como próteses, marcapassos, entre outros. Além de produtos das tecnociências, digamos assim, mais duras, dividimos nosso mundo ainda com produtos de naturezas diversas de outras e tantas ordem tais como aqueles oriundos da química, da informática, e das biotecnociências, etc; estes se misturam e reagem em nosso ambiente e em nossos corpos: são vírus (virtuais, atenuados, etc); agrotóxicos, medicamentos, mosquitos transgênicos, nanodispositivos, etc. Para nossa tranquilidade, em primeira instância, pensamos que eles sempre aprendem conosco, os humanos, mas não temos garantias disso. Os não-humanos das tecnociências mais duras saem dos laboratórios e podem continuar a atuar de forma similar no ambiente. Já os produtos da inteligência artificial, nos confundem e prenúncios dessas relações e intervenções podem ser experimentadas, por exemplo, no filme Her (Ela) de 2013, dirigido por Spike Jonze. Os produtos da química saem dos laboratórios e, como a própria linguagem desta tecnociência informa, reagem, se misturam. Enfim, os produtos das biotecnociências saem dos laboratórios para o mundo para viver e se relacionar com humanos e outros não-humanos. Como encontramos em Michel Callon e Vololona Rabeharisoa (In Science, Technology & Human Values, 2007): existir é transbordar. Assim como a Ciência e a Tecnologia pretenderam construir um mundo em que Deus não seria mais necessário (RUBENS ALVES, 1999), paradoxalmente a moderna Tecnociência parece conjurar com a nossa sede por avanços tecnocientíficos em um mundo em que o ser humano parece que não será mais necessário; ou, ao menos, não será mais existente puro (STEVEN SHAPIN, 2010). |
Grupo Temático 10 | Estudos de ciência, tecnologia e sociedade numa perspectiva feminista: debates e embates sobre temáticas de gênero, sexualidade, raça/etnia, classe e deficiência |
Coordenadores(as) | Érica Renata de Souza (UFMG), Daniela Tonelli Manica (UNICAMP) |
Resumo da Proposta | |
Nesse grupo de trabalho pretendemos promover o debate entre perspectivas feministas e estudos sociais das ciências e das tecnologias. No bojo de possibilidades dessas articulações, acolheremos pesquisas que as problematizem levando em conta as interseccionalidades. Gostaríamos de debater a partir de reflexões e pesquisas sobre: a) desigualdades de gênero, raça/etnia, classe e deficiências na ciência; b) a invisibilidade da produção científica e de conhecimento por mulheres cisgênero, pessoas negras e indígenas, pessoas com deficiência e pessoas trans; c) carreiras científicas, assédio e violência sexual; d) controle e vigilância dos corpos das mulheres cis (lésbicas, bissexuais, heterossexuais), pessoas negras e indígenas, pessoas com deficiência e pessoas trans pela biomedicina e biotecnologia; e) tecnologias de construção dos corpos e controvérsias em torno da autonomia; f) tecnologias reprodutivas e reconfigurações familiares; g) acessibilidade e pessoas com deficiência na universidade e na C&T; h) políticas de inclusão e permanência de pessoas indígenas, pessoas negras, pessoas deficientes e pessoas trans na universidade; i) as interfaces entre C&T e políticas públicas de saúde para mulheres cis e pessoas trans, população negra e indígena e pessoas com deficiência; j) as interfaces entre a internet e as redes sociais digitais na construção e circulação de conhecimentos e saberes (científicos e não-científicos) sobre os corpos; k) o papel da C&T na produção de diferenças entre corpos (pessoas cis, trans e intersexo; binarismos de gênero; questões ligadas a raça/etnia, deficiências e sexualidades). Além dessas possibilidades, contemplaremos outras articulações entre gênero, ciência e tecnologia que enfrentem o desafio de superar os pressupostos de neutralidade e objetividade, assumindo a historicidade, colonialidade e situacionalidade da produção de conhecimento e tecnologia. São, portanto, bem-vindas reflexões que contribuam para o fortalecimento da defesa dos direitos humanos, animais e ambientais, e de perspectivas politicamente situadas (feministas inclusivas, antirracistas, anticapacitistas e anticapitalistas), que explicitem jogos de poder, hierarquias e desigualdades nas práticas de C&T. |
Grupo Temático 11 | Periferalidade e subalternidade na produção do conhecimento |
Coordenadores(as) | Fabrício Monteiro Neves (UNB), Ivan da Costa Marques (UFRJ), Letícia Cesarino (UFSC) |
Resumo da Proposta | |
Este Grupo Temático visa agregar trabalhos que tratem de construções de conhecimento num sentido empírico, teórico e/ou epistemológico que partam de lugares, espaços e práticas supostamente “periféricas” e/ou subalternas. Recentemente têm emergido um movimento nos estudos sociais da ciência e da tecnologia que direciona interesses de pesquisa para as supostas periferias da ciência e da tecnologia, não com ênfase em seu suposto atraso ou descompasso em relação ao “centro”, mas em seu conteúdo original e específico. Propomos neste ST discutir tais questões com ênfase nos temas seguintes: 1) engajamentos com preocupações da teoria crítica, feminista e pós-colonial, como aquelas avançadas recentemente no campo dos estudos pós-coloniais da ciência e tecnologia (ou postcolonial STS); 2) raízes não-ocidentais da ciência e tecnologia modernas, através de trocas entre a Europa e civilizações não-ocidentais como o Islã, bem como com seus sujeitos coloniais na América Latina, África e alhures; 3) relações estreitas entre o desenvolvimento da tecnociência ocidental e a expansão colonial/imperial europeia e estadunidense; desenvolvimento das ciências nacionais concomitantemente à expansão dos colonialismos internos no Brasil e alhures; 4) ciências e técnicas não-modernas e/ou suas relações com o conhecimento científico, onde emergem conflitos entre a autoridade especializada do conhecimento ou fato científico e a autoridade de um conhecimento não-especializado popular que os cientistas desclassificam como “mera crença”; 5) ciência e tecnologia produzidas em contextos supostamente periféricos, na América Latina e em outras partes do sul global; as colonialidades que levam os cientistas do Sul a, mesmo sem emigrar de seus países, orientarem-se pelas frentes hegemônicas de pesquisas do Norte; relações sul-sul na pesquisa científica internacional; 6) provincialização das teorias e epistemologias dos Estudos CTS hegemônicos; releituras de teorias e autores canônicos a partir de experiências periféricas, 7) hierarquias epistêmicas, expressas em termos cognitivos e epistemológicos, mas também em termos de raça, gênero e nacionalidade. 8) Finalmente, o estatuto epistêmico da pós-verdade, suas formas de construção, seus agenciamentos e a influência na própria ciência. |
Grupo Temático 12 | Antropologia da ciência e da tecnologia: recomposições, decomposições e recombinações |
Coordenadores(as) | Guilherme José da Silva e Sá (UNB), Graciela Froehlich (UNB), Rafael Antunes Almeida (UNILAB) |
Resumo da Proposta | |
Debatedora: Flora Gonçalves (UFMG) O presente GT acolherá trabalhos baseados em pesquisas dotadas de visadas antropológicas sobre as ciências e as tecnologias. Neste escopo incluem-se as já clássicas etnografias de laboratório, as cartografias de redes sociotécnicas e o estudo de controvérsias, mas também as pesquisas que gravitam em torno das discussões sobre as relações entre humanos e animais, naturezas e culturas, gênero e ciência e as interfaces entre o conhecimento científico e o conhecimento “tradicional”. São de particular interesse propostas situadas no debate acerca da vigência do Antropoceno, bem como os diálogos possíveis entre a crítica pós-colonial e a crítica emergente a partir da noção de antropologia simétrica; igualmente aquelas pesquisas que apontem para arenas públicas de debate, discutindo o tema da “pós-verdade” e das chamadas “teorias da conspiração e de contra-informação”. O GT priorizará exposições que resultem de pesquisas etnográficas, porém, incursões que expressem a atualidade dos debates na teoria antropológica – tal como as implicações da chamada “virada ontológica” e suas políticas nos estudos CTS ou sobre a composição do conceito de “pluriversos” (De La Cadena; Blaser, 2018) – são bem vindas. |
Grupo Temático 13 | A Filosofia da Tecnologia e os Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia: perspectivas de diálogo |
Coordenadores(as) | Luiz Henrique de Lacerda Abrahão (CEFET – MG), Cristiano Cordeiro Cruz (USP) |
Resumo da Proposta | |
Debatedor: Jairo Dias Carvalho (UFU) Objetivos da proposta: A Filosofia da Tecnologia (FT) é uma área do conhecimento que, após encontrar os Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia (ESCT), experimentou em uma fase de hibridização. As interações entre ambas são profundas, embora os diálogos ainda sejam relativamente pouco explorados. Um desses pontos de interação concerne às investigações etnográficas da prática laboratorial de cientistas face à tese da irredutibilidade entre ciência, tecnologia e engenharia. Conexões, conflitos e tensões entre os aspectos filosóficos e ético-políticos da FT e os ESCT também são relevantes. Partindo de Galimberti pode-se conceber a técnica como um elemento fundamental da cultura. Como tal, convém mobilizar perspectivas latino-americanas e brasileiras para pensar as relações entre niilismo, capitalismo e redes digitais, bem como conceitos de Varsavsky, Sabato, Vieira Pinto – no liame dos problemas filosóficos e sociais (como “estilos tecnológicos”, “pacote tecnológico” ou “trabalho nacional”) – contribuem para explicar a relação entre ciência, tecnologia e desenvolvimento. Já a “heurística do medo” ou da “futurologia comparativa” de Hans Jonas encontram os ESCT enquanto ferramentas para revisão crítica do conceito de desenvolvimento (desde a modernidade associado à ideia de progresso e reduzido à concepção de crescimento econômico). A FT e os ESCT se aproximam também na medida em que a teoria geracional – trabalhada por sociólogos (Comte, Mannheim, Bauman) e filósofos (Ortega y Gasset, Gramsci) – elucida especificidades, vantagens e potenciais riscos das gerações mais novas (Y e Z) com as mais recentes tecnologias. O repertório de interseções entre a FT e os ESCT abarca, por fim, o papel de valores no design e a democratização da construção dos sistemas sociotécnicos, tópicos menos trabalhados do que os acervos imagéticos e saberes práticos ou metodológicos não canônicos na atividade projetiva e na conformação da solução técnica. Com efeito, vemos que as possibilidades de diálogo entre a FT e os ESCT são plurais. Além dos temas mencionados, à FT interessa as análises sociológicas sobre tecnociências e sistemas sociotécnicos, aspectos culturais e sociais das teorias, fatos e artefatos, questões de gênero e tecnologia etc. Assim, este GT pretende fomentar diálogos possíveis entre a FT e os ESCT promovendo aproximações e intersecções entre as duas áreas. |
Grupo Temático 14 | Ensino CTS: polissemias e congruências em sala de aula |
Coordenadores(as) | Jorge Cardoso Messeder (IFRJ), Márcia Narcizo Borges (UFF) |
Resumo da Proposta | |
Nos dias atuais muitas pesquisas discutem as contribuições da Ciência, da Tecnologia e da História das Ciências e da Tecnologia para a Educação Científica. Para isso, diversas experiências educativas têm sido avaliadas e divulgadas entre pares na Academia, com exemplos de abordagens pedagógicas das relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), principalmente nas aulas de ciências. Mas será que, de fato, nossos estudantes se apropriam dos conhecimentos científicos, tecnológicos, sociais e ambientais, de forma inter-relacionada? Será que eles são despertados para compreender e discutir sobre os avanços científicos e tecnológicos na atualidade? Ou será que as práticas ditas CTS trazem apenas informações, e não conhecimentos para nossos estudantes? Muitos futuros professores fogem da visão tradicional de ciência e de ensino, e buscam apoio nos estudos sobre Ensino CTS. Por isso, torna-se necessário que as discussões sobre as relações CTS em sala de aula entrem em consenso com o pensamento para educação para cidadania, para a tomada de decisões conscientes na sociedade. Os professores devem atentar para que o ensino preconize a conscientização sobre as escolhas adequadas diante de questões individuais e coletivas, com destaque no resgate da visão humanística sobre o ensino de Ciências. Esse GT tem como objetivo trazer interlocuções para os seguintes assuntos: • Trabalhos de pesquisa sobre práticas CTS em sala de aula, e as polissemias que possam existir; • Diferentes olhares sobre o Ensino CTS em aulas de ciências nos diversos segmentos educacionais; • Congruências entre pesquisas que inserem questões sociocientíficas com enfoque CTS na formação de professores; • Tendências educacionais trazidas por pesquisadores da área da Educação CTS. |
Grupo Temático 15 | Corpo, gênero, tecnologia, racismo e outras facetas dos estudos sociotécnicos da deficiência |
Coordenadores(as) | Jose Antonio dos Santos Borges (NCE-UFRJ), Gonzalo de Alencar Lopez (OAB-RJ), Marcos Fialho de Carvalho (HCTE-UFRJ) |
Resumo da Proposta | |
Como podemos observar nos painéis aceitos na conferência anual do 4S, principal congresso do campo, que será realizado em setembro de 2019 na cidade de Nova Orleans, temos quatro painéis dedicados aos estudos de deficiência. São temas caros a este campo os estudos da cultura queer, o feminismo, o racismo e, em particular os corpos que fogem ao padrão normativo da cultura europeia tradicional, branca, masculina, colonizadora: corpos sãos em mentes sãs. Este grupo de trabalho espera receber artigos que problematizem os aspectos da vida das pessoas deficientes nas suas diversas vertentes. O que a ciência nos diz sobre a deficiência? Como a tecnologia pode minimizar ou ajudar a superar os entraves causados pela deficiência e qual o custo envolvido? Uma pessoa com deficiência que faça uso da tecnologia se torna mais apta que uma pessoa sem deficiência? Quais os limites da deficiência? Como andam as políticas públicas, as interversões do aparato governamental e não governamental que lidam com as pessoas com deficiência e suas dificuldades? Os estudos de ciência, tecnologia e sociedade dão as mãos aos estudos de deficiência em um casamento que parece perfeito. São os estudos de deficiência um subconjunto dos estudos de ciência tecnologia e sociedade? Qual a importância dessa junção? Os dois campos de estudos perdem ou ganham com esta junção? Inspirados nas desigualdades sociais vividas, em maior proporção, pelas pessoas com deficiência, propomos este grupo de trabalho e esperamos receber as contribuições da comunidade de Ciência, Tecnologia e Sociedade e da comunidade dos Estudos de Deficiência para pensarmos juntos estas questões. |
Grupo Temático 16 | Arte, Ciência e Tecnologia |
Coordenadores(as) | José Sávio Oliveira de Araújo (UFRN), Luciana Martha Silveira (UTFPR), Venise Paschoal de Melo (UFMS), Marilda Lopes Pinheiro Queluz (UTFPR) |
Resumo da Proposta | |
A Arte, ao produzir um determinado saber histórico na relação com as diversas práticas sociais e culturais, se coloca como uma forma exequível para se pensar as complexas relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade. De modo plural, as propostas artísticas, ao longo de sua trajetória, vêm interpelando, experimentando e expandido as possibilidades da ciência e da tecnologia, a partir dos contextos estéticos, éticos e políticos, construindo outras materialidades, percepções e pensamentos que afetam e se deixam afetar pelas transformações da sociedade. Discutir sobre tais processos de produção, divulgação, exposição, circulação e crítica, a apropriação da arte de nosso tempo presente se faz de fundamental relevância para que possamos refletir e compreender as intrincadas relações sociais que se realizam no processo de mediação tecnológica. Ao questionar a ciência e a tecnologia, as linguagens artísticas problematizam os determinismos tecnológicos, sinalizam o apagamento da agência dos sujeitos e a subordinação do indivíduo às diretrizes técnicas, denunciam a padronização de modelos perceptivos e revelam a desvalorização das diversas formas de expressão das subjetividades. Entendendo Arte, Ciência e Tecnologia como elementos intrínsecos e indissociáveis para compreender e assegurar a diversidade das culturas e das sociedades, o objetivo deste Grupo de Trabalho é abordar as discussões sobre as relações entre ciência, tecnologia e arte, levando em conta a multiplicidade das linguagens artísticas, seus processos, interfaces, poéticas e modos de produção, integrando as possibilidades das experimentações em artemídia no desenvolvimento de artefatos, objetos, intervenções espaciais e urbanas, ambientes virtuais e redes telemáticas, instalações participativas e/ou interativas e/ou imersivas, ambientes multissensoriais, arte e biologia, mídias digitais, nanotecnologia, arte cinética, arte transgênica, arte e códigos de programação computacional, realidade aumentada, entre outras possibilidades que utilizam das plataformas, dispositivos e hibridações das linguagens tecnológicas contemporâneas. |
Grupo Temático 17 | (In)dependências sociotécnicas e movimentos sociais: desafios de engajamentos / governanças com novas tecnologias |
Coordenadores(as) | Luiz Arthur Silva de Faria (UFRJ), Marcelo Fornazin (UFF) |
Resumo da Proposta | |
Proliferam na atualidade artefatos e tecnologias que prometem potencializar os efeitos e a articulação das ações de movimentos da sociedade civil. Desde smartphones e aplicativos, passando por redes sociais e moedas digitais, até placas para geração de energia solar, diversos são os exemplos associados a promessas de maior alcance, esperança de sobrevivência e sustentabilidade financeira para os coletivos que venham a se utilizar dessas “novidades tecnológicas”. Contudo, com essas “novidades” chegam também entidades muitas vezes estranhas à cosmologia dos movimentos sociais, tais como softwares, servidores, código-fonte, blockchain etc. A partir dessa estranheza, quais as oportunidades que poderiam emergir para a problematização e o redesenho de categorias modernas “universais” como dinheiro, educação, energia, produtividade, etc.? Que tipo de dependências ou independências as novas tecnologias propiciam? Quais os desafios de governança que seguem embutidos nessas tecnologias? Que necessidades de formação acompanham a chegada desses artefatos? Como informações são produzidas e utilizadas e qual é a noção de privacidade incorporada a esses artefatos? Como os movimentos sociais negociam suas identidades, preferências e proteção contra vigilância no engajamento com essas tecnologias? A investigação dessas questões requer um movimento de deslocamento entre usuários, técnicos, movimentos sociais e governo, entre outros. A procura por essas respostas permite igualmente questionar quais as contribuições que caberiam às universidades (notadamente em suas atividades extensionistas), centros de pesquisa e laboratórios, assim como promove a necessidade de novas articulações sociotécnicas rumo a uma sociedade mais justa e fraterna. Consideradas essas breves provocações, este GT pretende acolher trabalhos que discutam as possíveis mediações que atualmente se colocam nas relações dos movimentos sociais com as tecnologias. Interessa-nos reflexões desde uma problemática convivência com as “mágicas importadas”, tecnologias que já chegam prontas e cujos segredos permanecem parcialmente decifráveis apenas por especialistas pouco conectados aos engajamentos ensejados pelos coletivos, até a possibilidade mais inovadora e desafiadora do projeto e desenvolvimento de tecnologias e artefatos pelas próprias redes constituídas pelos movimentos. |
Grupo Temático 18 | GT Ciência, tecnologia e inovação social |
Coordenadores(as) | Maíra Baumgarten Corrêa (UFRGS), Fernanda Antônia da Fonseca Sobral (UNB) |
Resumo da Proposta | |
Ciência e tecnologia são hoje condição necessária (ainda que não suficiente) para a sustentabilidade social e econômica das nações. Dessa forma, assumem grande importância os estudos que possibilitem ampliar o conhecimento sobre as atividades de produção e disseminação de ciência e tecnologia por grupos de pesquisa em âmbito internacional, nacional e local, bem como sobre políticas regionais, nacionais e internacionais de C&T. Esse debate é central para países como o Brasil, posto que os resultados da produção científica e tecnológica vêm sendo apresentados como instrumentos essenciais para o desenvolvimento econômico e social e para a consolidação da sociedade democrática, como também, para melhorar as condições de inserção dos países periféricos no cenário internacional de economia mundializada. Com base nessas considerações propomos o GT Ciência, tecnologia e inovação social, com o objetivo de trocar experiências e informações sobre as formas de produção, gestão e distribuição de conhecimento científico e tecnológico em diferentes contextos do Brasil e da América Latina e sobre os problemas e soluções que vêm se apresentando acerca da temática nesses países. O GT terá três eixos principais: um eixo teórico, outro que tratará da produção do conhecimento científico e um terceiro sobre as condições de disseminação e de apropriação do conhecimento produzido e suas possibilidades para a inovação social. |
Grupo Temático 19 | Design, Educação em Ciência e Tecnologia e Formação da Cidadania |
Coordenadores(as) | Marcos Pires Leodoro (UFSCar), Marivaldo Wagner de Sousa Silva (UFPB) |
Resumo da Proposta | |
O reconhecimento social da Ciência tem se pautado, em grande medida, na articulação entre os conhecimentos científicos e os tecnológicos na produção industrial contemporânea, a qual tem, portanto, sido designada de tecnociência. No âmbito do projeto das mercadorias industrialmente produzidas, segundo as demandas de funcionalidade, otimização de custos e de apelo estético para o consumo, o design industrial é responsável pela disseminação da cultura material que incorpora as matrizes conceituais do processo tecnocientífico no cotidiano dos/as cidadãos/ãs, a partir do desenvolvimento de novos materiais, sistemas mecânicos e digitais “embarcados” nos produtos, aprimoramento de ferramentas e procedimentos do ciclo produtivo etc. No entanto, a produção mercadológica tem sido pautada por um principio de otimização ergonômica dos produtos que minimiza a necessidade de decodificação, pelo/a consumidor/a dos princípios estruturais de um objeto industrial, para a obtenção do pleno funcionamento deste. Ou seja, o produto apresenta-se ao consumidor como uma “caixa-preta”, bastando correlacionar, adequadamente, o input e o output necessários para o seu adequado funcionamento. Colateralmente, a tecnociência tende a ser uma força opressora da cidadania tomada como engajamento crítico, consciente e participativo nos temas que afetam a vida social. Por outro lado, pode-se propor uma Educação em Ciência e Tecnologia voltada à conscientização cidadã e ambiental, mediante o desenvolvimento da capacidade de decodificação da cultura material que circula na sociedade industrial e das limitações da resiliência do Planeta Terra. Questões ambientais estão cada vez mais no centro dos requisitos projetuais de empresas e órgãos governamentais reguladores das atividades industriais, mercadológicas, energéticas e sociais. Os processos metodológicos que compõem o design industrial podem ser apropriados, do ponto de vista didático e pedagógico, como correlatos da atividade tecnológica de conceber, desenvolver e aprimorar artefatos, incorporando saberes diversos dentre os quais, os científicos. Desconstrói-se, desse modo, o processo de alienação do homem pela mercadoria, fazendo desta um mediador cultural dos saberes apropriados pela produção industrial. Pretende-se, desse modo, acolher trabalhos acadêmicos que problematizem temas como: consumismo, sustentabilidade, tecnologias apropriadas, design participativo, utilização de metodologias do design no campo da educação em C&T, assim como propostas, relatos e reflexões sobre as metodologias ativas, a exemplo de STEAM (Science, Technology, Art and Mathematics), DIY (Faça você mesmo) etc. |
Grupo Temático 20 | Ciência e techné na história: perspectivas atuais |
Coordenadores(as) | Maria Helena Roxo Beltran (PUC/SP), Marilda Lopes Pinheiro Queluz (UTFPR) |
Resumo da Proposta | |
Este GT dá continuidade a discussões de estudos sobre o tema que vêm sendo realizadas em encontros dedicados aos campos correlatos dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia e da História da Ciência. Tendências historiográficas atualizadas em História da Ciência têm sublinhado a necessidade de analisar interações no processo de adaptação, transformação e comunicação de conhecimentos científicos e técnicos em seu aspecto multifacetado, bem como de desenvolver análises específicas sobre os registros de conhecimentos ligados às artes (technai). Desse modo, vem sendo desenvolvidas pesquisas com base em documentos referentes à construção e ao uso de instrumentos na investigação da natureza, bem como sobre imagens registrando conhecimentos sobre a natureza e as artes que guardam antigos registros de interações entre ciência e técnica. Tais pesquisas têm contribuído para a necessária reflexão não só sobre as relações entre ciência e tecnologia, mas também sobre os diferentes discursos da técnica e da ciência, produzidos em instâncias nãohegemônicas para a elaboração e a comunicação de conhecimentos sobre a natureza e as artes (technai), buscado compreender e descrever a natureza da relação entre ciência, técnica e tecnologia, bem como suas implicações no ensino e na divulgação científica. Assim, este simpósio tem por delimitação temática as transformações no diálogo entre ciência e técnica em sua contingência histórica. Propõe-se abranger nesta temática trabalhos que tratem desde a própria fatura dos “documentos” até sua análise contextual de modo a propiciar diferentes leituras na interação entre ciência, técnica e tecnologia e suas implicações, especialmente nos campos da educação e da divulgação científica. Objetivos: Com vistas a dar continuidade e atualizar os debates sobre esse tema, este simpósio tem por objetivo refletir e discutir sobre as variadas possibilidades de interação entre ciência e técnica, bem como de sua comunicação, tendo por foco a pluralidade e a simultaneidade de saberes e fazeres inscritos numa lógica sócio-cultural e histórica. Debatedor: Gilson Leandro Queluz (UTFPR) |
Grupo Temático 21 | Estudos CTS, territórios e territorialidades em saúde |
Coordenadores(as) | Maria Terezinha Bretas Vilarino (UNIVALE), Huener Silva Gonçalves (CEFET-MG) |
Resumo da Proposta | |
Este Grupo Temático propõe a apresentação e discussão de estudos e pesquisas relacionadas aos territórios e territorialidades da saúde, incluindo: discussão sobre conceitos de saúde/doença, práticas de saúde, percurso e histórias do processo de institucionalização da saúde pública no Brasil, as decorrências advindas do avanço das novas tecnologias sobre a saúde em seus diversos âmbitos, entre outros temas afins. A temática da saúde pública no Brasil só recentemente tem sido estudada numa vertente territorial. Ao situarmos o perfil territorial em saúde, tencionamos focar não apenas a estrutura geográfica territorial, mas o território vivido, marcado pela ação humana, ou seja, ao definirmos o perfil do Território, a cultura e a densidade tecnológica também devem ser consideradas. Assim o processo de territorialização da saúde engloba noções de territorialidade que representam as relações políticas, econômicas e sociais e culturais expressas dentro do território. Nesse sentido, a compreensão sobre o processo histórico e de territorialização da saúde pública, sobre as políticas concernentes a esse processo e sobre as territorialidades a ele vinculadas, podem revelar novos entendimentos teóricos e práticos nesse campo. Neste sentido, os estudos CTS (Ciência-tecnologia-Sociedade) tem o importante papel de motivar o diálogo entre produções de campos como Educação, Antropologia, Sociologia, História, Filosofia, Saúde Coletiva, que abordam os fenômenos relacionados à saúde e temáticas derivadas, e entre esses e atores que produzem conhecimentos a partir de suas práticas sociais na saúde pública, ou privada, em movimentos sociais e em outros espaços sociais. |
Grupo Temático 22 | Temas sociocientíficos em ações educativas e na divulgação científica |
Coordenadores(as) | Marina Assis Fonseca (UFMG), Thiago Mendonça (UFV) |
Resumo da Proposta | |
Temas sociocientíficos constituem-se como objetos e abordagem curricular para ações no campo da educação em ciências. Também chamados de temas controversos, são potencialmente estimulantes no desenvolvimento de atividades didáticas e normalmente estão subjacentes em ações e materiais de divulgação científica que visem o desenvolvimento de competências argumentativas e que visem a formação cidadã. Esta sessão pretende receber trabalhos que apresentem experiências e reflexões em torno de ações e de materiais educativos e/ou de divulgação científica envolvendo temas sociocientíficos controversos. Pretende-se, assim, contribuir com o debate no campo da educação científica formal ou não formal, no que tange às questões sociocientíficas controversas, de modo a esclarecer como têm sido utilizadas nos diversos locais e de que modo têm contribuído com a formação no campo da ciência, tecnologia e sociedade. Os principais focos de interesse e eixos de discussões propostos são: – Compreensão e participação pública em ciência e tecnologia e sua relação com o desenvolvimento de ações sociopolíticas; – Desenvolvimento de capacidades argumentativas; – Análise de questões de âmbito socioambiental, bem como o conhecimento da natureza da ciência a elas relacionadas; – Difusão de estratégias para problematização, reflexão e divulgação de questões sociocientíficas controversas na educação formal ou não formal; – Outras que não se encaixem nas anteriores, mas perpassem os temas sociocientíficos. |
Grupo Temático 23 | Direitos Humanos, Democracia e Educação Tecnológica |
Coordenadores(as) | Marinês Barbosa de Oliveira (CEFET-MG CURVELO), Raquel Martins Fernandes Mota (IFMT) |
Resumo da Proposta | |
Esse Grupo Temático tem como objetivo incentivar a discussão em torno de pesquisas, projetos e práticas de ensino que abordem reflexões, metodologias e expertises que se propõem a pensar sobre os rumos da democracia no Brasil e no mundo, tendo como foco a articulação entre Direitos Humanos e desenvolvimento tecnológico. O interesse por essa temática nasceu da necessidade de se refletir sobre os desafios éticos, políticos e pedagógicos enfrentados pelos professores da área de Ciências Humanas e Sociais frente à necessidade de propiciar uma formação crítica, inclusiva, emancipatória, capaz de contribuir para a justiça social e o fortalecimento da democracia, no âmbito de instituições voltadas para a formação profissional e tecnológica. Tendo em vista o caráter dialético entre a inovação tecnológica e organização social, não é possível a compreensão da sociedade contemporânea sem considerar o modo como a técnica e a tecnologia atuam nas relações dos homens entre si e com o mundo. Tal reflexão deve partir, sobretudo, da problematização do pressuposto da neutralidade da tecnologia subjacente à concepção instrumentalista a qual se integra perfeitamente ao projeto neoliberal de “modernização conservadora”, em curso do país. As diversas contradições emanadas da tecnologia digital, da automação da produção, da virtualização das relações e da natureza transnacional da internet trazem implicações diretas para os direitos humanos e a saúde democrática das nações. Sendo assim, a educação profissional e tecnológica, além de ser enriquecida por conhecimentos transdisciplinares não pode, portanto, ignorar a indissociável vinculação entre ética e técnica. Esta é a pré-condição para refletir sobre as possibilidades criadas pelas novas tecnologias. |
Grupo Temático 24 | Imaginação e produção de conhecimento (CANCELADO) |
Coordenadores(as) | Marisol Marini (USP), Cristián Enrique Simonetti Vicuña (PUC do Chile), André Bailão (USP) |
Resumo da Proposta | |
Partindo da antropologia da ciência, mas não nos limitando somente a essa sub-área, propomos uma troca dos desafios e possibilidades relativos ao papel da “imaginação” na produção de conhecimento. Considerando que o conceito pode se diferenciar de outros, como discurso, ideologia, cultura, representação e crença, trata-se de explorar seus potenciais e alcance. Como imaginários operam tanto nas práticas como nos discursos na produção de conhecimento? De que maneiras imaginar significa prever possibilidades, criar novos caminhos e direções, novos modos de existência, novos mundos, narrativas, tendo em vista o passado, o presente e futuro de maneiras diferentes? Imaginações de novos mundos, corpos e relacionalidades afetam (cosmo)políticas ou são afetadas por elas? Como novos imaginários sobre conhecimento e práticas implicam em novos imaginários (cosmo)políticos, em novas formas de fazer (cosmo)política? Estamos interessados em promover discussões entre trabalhos sobre diferentes temas. Com isso estimular o diálogo entre estudos de ciência e tecnologia sobre ciências humanas e naturais, institucionalizados na universidade, em ONGs e movimentos sociais, no Estado, em empresas ou não institucionalizados, como na ciência DIY, e também estudos sobre produção de conhecimento tradicional entre povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, caboclos, pescadores, agricultores, etc. Este Grupo de Trabalho pretende ser a continuação de um painel com o mesmo tema na reunião da IUAES em 2018. Palavras-chave: Imaginação, conhecimento, antropologia da ciência, conhecimento local |
Grupo Temático 25 | Políticas de CT&I no Brasil – desafios, conquistas, ataques |
Coordenadores(as) | Rafael de Brito Dias (UNICAMP), Thales Haddad Novaes de Andrade (UFSCar), Carlos Alberto Máximo Pimenta (UNIFEI) |
Resumo da Proposta | |
A política de ciência, tecnologia e inovação no Brasil constitui um objeto que tem atraído crescente interesse por parte de pesquisadores, fazedores de política e representantes do setor privado. Ao longo de sua trajetória, a PCTI brasileira atravessou constrangimentos, teve seus recursos ameaçados e virou objeto de transações políticas típicas de nosso presidencialismo de coalizão. A despeito desses constrangimentos, alcançou também resultados importantes, como a construção de certas competências científicas e de reconhecidas instituições de pesquisa e a criação de um amplo repertório de instrumentos de fomento às atividades de C,T&I. Desafios importantes permanecem, tais como o fortalecimento de ações orientadas para o apoio ao desenvolvimento de tecnologias para a inclusão social, a internacionalização da ciência brasileira e a consolidação de um núcleo endógeno de geração de tecnologias. Nesse sentido, é de fundamental importância o avanço na construção de conhecimentos sobre esse objeto – a política de ciência, tecnologia e inovação brasileira – de modo a contribuir com novas abordagens, reflexões, elementos teórico-metodológicos e recomendações e normativas para fazedores de política. Dados os recentes ataques e ameaças à ciência brasileira, debater as perspectivas que vão se concretizando e apontar caminhos a serem trilhados torna-se um ato fundamental de resistência a partir dos Estudos CTS. Tendo como base essa constatação, este GT pretende constituir-se em um espaço de discussão sobre a PCTI brasileira, seus atuais desafios e estratégias para sua superação. Para tanto, convidamos à submissão de propostas de trabalhos que reflitam sobre esse tema a partir de diferentes disciplinas, campos e abordagens. |
Grupo Temático 26 | Culturas, Tecnologias e Sociedades |
Coordenadores(as) | Rodrigo Freese Gonzatto (PUCPR), Gilson Leandro Queluz (UTFPR), Luiz Ernesto Merkle (UFTPR), Frederick M. C. van Amstel (UFTPR) |
Resumo da Proposta | |
O título do GT remete às áreas enunciadas na sigla CTS, como um convite a pensar a Cultura como espaço de saberes e práticas, ciências e técnicas, reconhecendo-as como culturais, em meio às relações entre Tecnologia e Sociedade. Desta forma, consideramos as práticas culturais como produção e reprodução de valores e significados de certas formações sociais e as tecnologias, dentro de suas especificidades, como expressões dessas experiências vividas. Este GT se apresenta como campo de debate para trabalhos em CTS que buscam e/ou utilizam perspectivas críticas sobre relações culturais mediadas por tecnologias, podendo dialogar interdisciplinarmente entre diversas áreas, como Computação, Interação Humano-Computador, Design, Comunicação e Mídias, Cibercultura, Ciências da Informação, Acessibilidade e Inclusão, Informática na Educação, Movimentos Sociais, por exemplo, buscando intersecções com teorias críticas da tecnologia, como as que buscam movimentos das populações e comunidades subalternizadas, temáticas feministas, de gênero e sexualidade, de raça e etnia, estudos decoloniais, perspectivas latino-americanas e de fronteiras, representações alternativas e utópicas de tecnologia na política, na literatura. As tecnologias digitais, por exemplo, são celebradas por sua difusão global, mas suas existências sempre encontramse situadas em grupos sociais locais. Técnicas e tecnologias possuem usos, recepções e mediações que se manifestam entre relações culturais diversas, e que possuem particularidades no modo como são adotadas, confrontadas, resistidas ou rejeitadas. Deste modo, pergunta-se, de forma abrangente, como estudar as culturas que interseccionam as relações entre Tecnologias e Sociedades, sejam nos espaços do cotidiano, da academia, da indústria, da cidade, da casa, do imaginário, da memória, das identidades, dos corpos, entre outros. |
Grupo Temático 27 | Educação para sustentabilidade nas dimensões ambientais, culturais e tecnológicas |
Coordenadores(as) | Silvania Sousa do Nascimento (UFMG), Maclóvia Correa da Silva (UTFPR) |
Resumo da Proposta | |
A sociedade contemporânea enfrenta problemas que se estendem simultaneamente por dimensões sociopolíticas, científicas e ambientais. Essa crescente hibridização entre natureza e sociedade tem motivado a designação do período atual como a Era do Antropoceno. Nesse cenário, ademais, o paradigma cientificista vem sendo questionado e sua hegemonia posta sob suspeição da mesma forma que os diferentes dispositivos do viver democrático. Exemplos desses questionamentos podem ser observados no fenômeno da pós-verdade, no movimento antivacina, na negação do aquecimento global antropogênico, no retorno do terraplanismo, no questionamento dos movimentos sociais, entre outros. Com isso, torna-se cada vez mais necessário que o campo educacional se preocupe com o entendimento de problemas complexos, de natureza sistêmica, que demandam soluções ecológicas e em rede, passando pela prática científica sem se limitar a ela. Nesse sentido, esse Grupo de Trabalho desde 2009 discute o tema da sustentabilidade em suas diferentes dimensões – científica-tecnológica, sócio-cultural e ambiental – e suas implicações para a Educação, seja no âmbito do ensino e aprendizagem, do currículo, das metodologias de ensino, da formação de professores, do uso de tecnologias e da apropriação de espaços não-formais de aprendizagem. A Educação para a sustentabilidade também envolve pesquisas sobre a proteção, restauração e conservação do patrimônio natural e cultural, articuladas aos aspectos ecológicos, econômicos, sociais, à ética, à responsabilidade, ao diálogo e à consciência crítica, preocupadas com a representatividade de diferentes coletividades e com o direito à diferença. Assim, os problemas a serem discutidos podem envolver tanto questões mais diretamente ligadas à Educação quanto temas transversais que dialogam com tal temática, como desigualdade social, ecofeminismo, multiculturalismo, teorias sistêmicas e teoria de rede. |
Grupo Temático 28 | Interfaces entre Ciência, Tecnologia e Educação |
Coordenadores(as) | Suseli de Paula Vissicaro (UNICAMP), Alan Dantas dos Santos Felisberto (USP) |
Resumo da Proposta | |
Este Grupo Temático propõe reunir professores, pesquisadores e estudantes interessados em debater as interfaces entre Ciência, Tecnologia e a Educação, configurando-se em um espaço de reflexão interdisciplinar sobre investigações que busquem articulações entre as áreas numa perspectiva de promoção da Educação Científica. No campo da Educação em Ciências, discute-se a relevância das contribuições da Ciência, da Tecnologia e da História das Ciências e da Tecnologia para a Educação Científica, considerando-se que os conhecimentos científicos, tecnológicos, sociais e ambientais, encontram-se intimamente ligados e desta forma, a interdisciplinaridade torna-se fundamental no contexto educacional que privilegia a formação de cidadãos capazes de compreender os avanços tecnológicos e científicos de forma crítica, permitindo não somente a compreensão do fenômeno e seus aspectos conceituais, mas também, possibilitando estabelecer relações da construção do pensamento científico com sua natureza social, política e ambiental. Desta forma, este espaço prevê o compartilhamento, a socialização e a reflexão acerca de experiências que se estruturaram a partir de um ou mais temas observados: A reflexão acerca da Natureza da Ciência; O uso da tecnologia na educação como recurso potencializador da Educação Científica; O desenvolvimento da autonomia e o protagonismo infanto/juvenil a partir do uso da Tecnologia no ensino; A história dos artefatos tecnológicos como disparador para o trabalho com a História das Ciências; A perspectiva sócio-histórica da tecnologia na educação; As perspectivas social e cultural da História das Ciências; Contribuições da Histórias das Ciências e da Tecnologia nas diversas modalidades e níveis de ensino; O trabalho com jogos nas aulas de Ciências como elemento de reflexão; ouso de diferentes estratégias de ensino como forma de favorecer e potencializar o posicionamento dos alunos; entre outros que apresentarem essa interface com a educação. |
Grupo Temático 29 | Meio ambiente e tecnociência |
Coordenadores(as) | Tiago Ribeiro Duarte (UNB), Marko Monteiro (UNICAMP), Lorena Cândido Fleury (UFRGS) |
Resumo da Proposta | |
As ciências e as tecnologias são elementos cruciais para a compreensão de questões ambientais, sejam elas de natureza local ou global. As C&T estão presentes desde o momento em que um determinado problema é definido enquanto tal (seja ele mudanças no clima, riscos de rompimento de barragens ou contaminações na água e no solo) até as ações de remediação, mitigação ou prevenção de problemas. Além disso, as tecnociências estão diretamente vinculadas à produção de riscos socioambientais, incluindo aqui a emissão de gases estufa, a construção de grandes infraestruturas que podem levar a desastres ou a produção de resíduos em larga escala. Dessa forma, questões ambientais em geral, e mais recentemente as mudanças globais (que incluem o clima, mas também o transcendem) são um tópico fundamental dos estudos CTS – ciência, tecnologia e sociedade. Este grupo de trabalho busca reunir pesquisadoras/es interessadas/os, nos entrelaçamentos entre o meio ambiente e as C&T. Isso inclui temas como as disputas em torno de grandes empreendimentos de desenvolvimento (geração de energia, exploração extrativa, projetos agropecuários ou urbanísticos, entre outros); desenvolvimento e justiça ambiental; a definição e comunicação de problemas ambientais e o papel das C&T; as disputas em torno da agenda do clima e sua relação com a política, as C&T e a governança; povos indígenas, quilombolas e outras populações tradicionais e conflitos ambientais; conhecimentos tradicionais, decolonialidade e políticas ambientais; as agendas de pesquisa ambiental e suas relações com a política; as formas de interface entre ciência e políticas públicas nas arenas ambientais; grandes desastres e o papel das C&T na remediação; o entendimento público de riscos socioambientais, dentre outros. As mais diversas abordagens teóricas e metodológicas são bem-vindas nesse GT, de modo a fomentar um espaço rico e diverso de intercâmbio de ideias. |
Grupo Temático 30 | Por uma Nova Métrica e Fatores de Impacto mais Qualitativos na Academia (CANCELADO) |
Coordenadores(as) | Verusca Moss Simões dos Reis (UENF), Rodrigo Pereira dos Santos (UNIRIO) |
Resumo da Proposta | |
Desde o advento da Big Science em meados do século XX e o surgimento de um novo modo de produção na ciência nos anos de 1980 a partir da parceria Universidade, indústria e Governo, o fazer científico vem se transformando. O físico e epistemólogo da ciência John Michael Ziman sustenta que a “ciência pós-acadêmica” (Ziman, 1996) transformou as normas sociais de produção da ciência, o chamado ethos da ciência. As mudanças ocorridas na ciência e na universidade desde então apontam para uma nova organização e gestão da atividade científica, que traz como consequência: incorporação de normas gerencias na produção de conhecimento; pressão por publicação antes dos resultados alcançados; e perda da noção de conhecimento como bem público, que passa a ser visto eminentemente com aplicado (Ziman, 1968; Ziman, 2000). Além disto, impactos na saúde mental, tanto dos docentes como dos discentes, têm sido observados (Guarany, 2012; Mendonça, 2014; Souza et al., 2018). Em resumo, as transformações apontadas por Ziman e por diversos outros autores (Funtowicz & Ravetz, 1993; Gibbons et al., 1994; Etzkowitz & Leydesdorff, 1998; Leydesdorff & Meyer, 2006; Waters, 2006; Garcia e Martins, 2009; Langley & Parkinson, 2009; Radder, 2010) mostram que há́ sobretudo uma alteração no valor que é dado ao conhecimento (Reis, 2010). Além das consequências epistêmicas e daquelas ligadas à gestão acadêmica, outras podem ser percebidas, tais como o adoecimento psíquico do corpo docente, técnico e discente, bem como a perda de autonomia na escolha da forma como a academia gostaria de ser avaliada, incluindo critérios mais qualitativos que também representem toda a gama de atividades desenvolvidas em cada contexto existente. Tendo em vista que não há uma homogeneidade na forma com que os pesquisadores produzem em cada área do conhecimento, é factível pensarmos que cada área deveria ser avaliada de forma diferente, levando em conta suas características mais peculiares. Tendo em vista os problemas resumidamente apontados acima, este Grupo Temático (GT) se constitui com o objetivo de refletir sobre as transformações que estão ocorrendo no modo de produção de conhecimento na universidade, bem como analisar os critérios que vem sendo adotados pelas principais agências de fomento, sobretudo CAPES e CNPq. Sendo assim, o GT terá́ com objetivo central refletir sobre o processo de avaliação vigente na universidade contemporânea, bem como os instrumentos atuais utilizados neste processo. Este GT também pretende investigar novos caminhos de avaliação que incluam critérios mais qualitativos e que possam vir a incluir o ecossistema social da pesquisa nacional a fim de identificar lições aprendidas e ações promissoras. Pesquisas que envolvam a análise conjectural dos atuais critérios de avaliação da produção científica brasileira, bem como propostas de novas métricas, podendo incluir até́ plataformas alternativas, serão bem-vindas. Objetivos: O Grupo Temático 30 “Por uma Nova Métrica e Fatores de Impacto mais Qualitativos na Academia” tem como objetivo pensar novas formas de avaliação na pós-graduação, que incorporem aspectos mais qualitativos e individualizados por área. Sendo assim, o GT-30 terá́ como objetivo central refletir sobre o processo de avaliação vigente na universidade contemporânea, bem como os instrumentos atuais utilizados neste processo. Também pretendemos investigar novos caminhos de avaliação que incluam critérios mais qualitativos e que possam vir a incluir o ecossistema social de pesquisa nacional a fim de identificar lições aprendidas e ações promissoras. Pesquisas que envolvam a análise conjectural dos atuais critérios de avaliação da produção científica brasileira, bem como propostas de novas métricas, podendo incluir até́ plataformas alternativas, serão bem-vindas. OBJETIVOS: O Grupo de Trabalho “Por uma Nova Métrica e Fatores de Impacto mais Qualitativos na Academia” tem como objetivo pensar novas formas de avaliação na pós-graduação que incorporem aspectos mais qualitativos e individualizadas por área. Sendo assim, o GT terá como objetivo central refletir sobre o processo de avaliação vigente na Universidade contemporânea, bem como os instrumentos atuais utilizados neste processo. Também pretendemos investigar novos caminhos de avaliação que incluam critérios mais qualitativos, que podem vir a incluir o ecossistema social de pesquisa nacional a fim de identificar lições aprendidas e ações promissoras. Pesquisas que envolvam a análise conjectural dos atuais critérios de avaliação da produção científica brasileira, bem como propostas de novas métricas, que podem incluir até plataformas alternativas serão bem-vindas. |
Grupo Temático 31 | Pedra, planta, bicho, gente… coisas: encontros da teoria ator-rede com as ciências ambientais |
Coordenadores(as) | Viviane Fernandez (UFF), Roseantony Rodrigues Bouhid (IFRJ) |
Resumo da Proposta | |
A importância da introdução de uma Área de Ciências Ambientais no contexto da pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em 2011, consta no relatório de Avaliação Trienal desta coordenação (2010-2012). Segundo o documento, a introdução “decorreu da necessidade de se dar conta da complexidade dos problemas ambientais, face à indissociabilidade entre sistemas antrópicos e naturais que emergem no mundo contemporâneo, muitas vezes decorrente do próprio avanço dos conhecimentos científicos e tecnológicos, baseados em uma construção do saber notadamente disciplinar”. Coloca-se, portanto, um chamado para novas formas de produção do conhecimento, que busquem “diálogos não só entre disciplinas próximas, dentro da mesma área do conhecimento, mas entre disciplinas de ciências diferentes, bem como com outras formas de saberes, oriundos de culturas heterogêneas”. Diante disso, o objetivo deste GT é reunir trabalhos que tenham encontrado na teoria ator-rede um caminho para compor tal desafio. Sabemos que os estudos sobre laboratórios impulsionaram o desenvolvimento da teoria ator-rede, mas nos interessa saber o que acontece no encontro entre as pesquisas dos cientistas dos laboratórios (“naturais” ou “sociais”) com os pressupostos dessa teoria. Quais questões são colocadas? Seus objetos de estudo originais tornam-se eles próprios laboratórios? Como cada um deles “faz-fazer”? Qual relação se estabelece com a produção da realidade concreta? Acreditamos que devemos produzir conhecimento para um desenvolvimento ambientalmente sustentável e contraposto à insustentabilidade provocada pelo capital, desde que isso signifique proteger a “diversidade de status ontológico contra a ameaça de sua transformação em fatos e fetiches, crenças e coisas” (Latour, 2001, p. 332). |
Grupo Temático 32 | Interdisciplinaridade em CTS |
Coordenadores(as) | Wilson José Alves Pedro (UFSCar), Sidney Reinaldo da Silva (IFPR) |
Resumo da Proposta | |
Inseridos no campo Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) temos reafirmando e expandindo nossas ações no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão, sendo o ESOCITE um lócus privilegiado para refletir a epistemologia e a práxis da interdisciplinaridade requerida para uma melhor compreensão da complexidade no nexo dos seus constituintes. Prioriza-se a abordagem epistemológica interdisciplinar pois esta considera o modo como o conhecimento científico se dá e suas conexões com as tecnologias e a sociedade. O juízo científico e as decisões tecnológicas são correlatos de valores e interesses, de modos de percepção da realidade que exigem um trabalho crítico para que seus sujeitos possam de fato contribuir para o desenvolvimento social justo e sustentável. A interdisciplinaridade configura-se como uma forma de enredar diferentes perspectivas para a investigação científica, a produção de tecnologia e a intervenção social nas diversas áreas do conhecimento. A práxis interdisciplinar exige métodos investigativos e pedagógicos, abertura para o diálogo, a crítica e a capacidade de estranhamento com o que se faz no sentido de se perceber tanto limitações quanto novas possibilidades. Deste modo este GT propõe aglutinar discussões de trabalhos relacionados a temas transversais dos estudos sociais das ciências e das tecnologias, priorizando: a) Sociedade, Ambiente e Educação, b) Desenvolvimento tecnológico, Ciência e Inovação; c) dimensões sociais da ciência e tecnologia: saúde e envelhecimento. Mediadores: Guilherme Nobre L do Nascimento (PPGCTA, PPGCS – UFT) Profa. Dra. Márcia Niituma Ogata (UFSCar) Mateus das Neves Gomes (PPGCTS-IFPR) |
Grupo Temático 33 | Estudos CTS e Educação CTS: contribuições para a construção da cidadania e democracia |
Coordenadores(as) | Irlan von Linsingen (UFSC), Suzani Cassiani (UFSC), Edson Jacinski (UFTPR) |
Resumo da Proposta | |
A democracia e cidadania são conquistas recentes em nossa realidade brasileira e latino-americana e demandam a necessidade de seu fortalecimento e ampliação. O compromisso democrático está na raiz do campo dos Estudos Ciência Tecnologia e Sociedade (ECTS), compreendendo a necessidade de intensificar relações dialógicas e transformadoras entre o desenvolvimento tecnocientífico e as demandas sociais, culturais, educacionais e ambientais locais e regionais. A participação da Ciência e Tecnologia na construção da cidadania do conhecimento enseja a reinvenção/descolonização da Universidade e dos espaços formativos em geral que possibilitem uma participação mais efetiva dos atores sociais, com a riqueza e pluralidade de seus saberes, na construção ampla, democrática e sustentável do conhecimento. Esse Grupo Temático (GT), em continuidade com estudos e diálogos realizados em edições anteriores do ESOCITE, pretende reunir pesquisas que articulem as temáticas educacionais com a democratização da ciência e da tecnologia, relacionadas com diálogo/ecologia de saberes, com as Tecnologias Sociais, com os Estudos pós-coloniais e com as perspectivas críticas e emancipatórias da tecnociência. Objetivos: a) Debater os estudos sobre Educação Científica e Tecnológica (ECT) articulados com os Estudos CTS, as Epistemologias do Sul e os Estudos de Colonialidade. b) Discutir os papéis dos atores da ECT (docentes, discentes, comunidade, Estado) em propostas e relatos de experiências e pesquisas desde os Estudos e a Educação CTS. c) Discutir a ECT relacionada a questões ambientais, de saúde, de gênero e étnico-raciais. d) Debater trabalhos de investigação em ECT, com perspectiva CTS, no âmbito da educação formal, não formal e informal. Temática sugerida: Questões curriculares sob enfoque CTS; Educação CTS e Tecnologias para inclusão social em contextos locais e regionais; Políticas públicas e Educação CTS; Articulações entre a pedagogia de Paulo Freire e Educação CTS; Questões sociocientíficas e sociotécnicas na ECT; Abordagens discursivas das ciências e das tecnologias na educação; Contribuições das Epistemologias do Sul e dos Estudos de Colonialidade ao campo da Educação CTS; Democracia e cidadania sociotécnicas na formação científica e tecnológica; Diálogo de saberes na educação CTS; ECT no campo em contextos de extração de recursos, exclusões sociais e conflitos ambientais. |